Texto originalmente publicado em comentários do Blog do CUCA, que para fomentar o diálogo e dar eco a voz dos nossos leitores é reproduzido aqui. Blog do CUCA: Alexandre Rauh
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Escrevo este artigo provocado pela crônica da coordenadora de Literatura da 6ª Bienal de Arte,Ciência e Cultura da UNE,Juliana Cunha.
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O título do texto " Capitu não presta (eu já sabia Bial) " * é um tanto irônico e provocador, mostrando que a moça realmente fala o que pensa.Entretanto, dizer que a microssérie não presta...Não é bem por aí.Peço licença para expor a minha mera opinião, que não é a de um crítico literário (apesar de conhecer e estudar um pouco sobre Literatura), mas sim de um estudante da arte dramática, de filosofia da arte e de um espectador de tv.
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Talvez fosse mesmo uma bosta, se fosse mais uma minisserizinha da Rede Globo com os mesmos truques novelísticos, com a mesma lingugem dramatúrgica de todo dia (apesar de eu ter gostado também de "Os Maias"). Isto não acontece em Capitu.Pelo contrário, há até abuso de linguagens: comedia dell' arte, cinema mudo,rock,elipses temporais,expressionismo.Quando se vê isto na tv? dizer que a mesma " Não serve para quem não leu Dom Casmurro e não acrescenta nada a quem leu." soa estranho para quem teve que extrair da microssérie a matéria-prima para sua crítica.Será que não serviu pra ti? será que, pelo menos, não acrescentou uma visão de como não fazer uma adaptação de Dom Casmurro? Digo: Capitu presta para criticarmos, para discutirmos dramaturgia e estética televisa, para compararmos com o modelo das novelas e séries globais, para discutirmos formas e métodos de atuação, para pensarmos formas de dialogar com os espectadores - quem não estranhou o cenário, o figurino, a interpretação dos atores, a falta de linearidade do roteiro? O que está em jogo não é o valor de bom e ruim, mas sim o valor,a questão da linguagem televisiva. Não podemos cair no simples criticismo.
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Realmente "Capitu" mostrou-se confusa no conteúdo.O roteiro deixa muitas lacunas. Risco que se corre ao fazer uma adaptação em poucos capítulos. Mas pelo menos fica claro quem é o Betinho, quem é a Capitu.Coisas básicas de um roteiro estão presentes: ambiente,tempo, personagens definidos, conflito de vontades. O problema é como ele é feito. Elogio a ótima atuação de Michel Melamed que chega a falar trechos literais do romance de Machado de Assis. Seu personagem, além de prender o espectador com a sua forma de contar simbólica(ex. quando pega o próprio coração batendo forte em sua mão),mostra envolvimento e conhecimento profundo do seu "Eu" mais jovem. A iluminação, os enquadramentos, o cenário mostram silenciosamente uma busca de novos sentidos, de novas formas de se vê. A forma revoluciona o conteúdo.
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A experimentação de linguagem do diretor Luiz Fernando Carvalho, condutor do projeto QUADRANTE, é muito válida, pois traz para a tv brasileira uma nova estética: não exclusivamente realista e extremamente teatral.Vou transcrever pra ti, o objetivo do projeto em algumas frases ditas pelo diretor: "Quadrante é um projeto que trago a mais de 20 anos comigo.Trata-se de uma tentativa de modelo de comunicação,mas também de educação, onde a ética e a estética andam juntas.Estou propondo através da transposição de textos literários, uma pequena reflexão sobre o nosso país." / "Continuo sonhando acordado, continuo acreditando que se faz necessário aos verdadeiros artistas e aos especialistas que trabalham no meio audiovisual pensarem em uma nova missão para ele. Essa nova missão, estaria no meu modo de sentir, diretamente ligada a educação.Todo o meu esforço será, sempre, em primeira instância, o de propor uma ética artística verdadeira para o meio." / " Prefiro continuar acreditando nesta espécie de contradição entre o eletrodoméstico e a cultura, o emissor e o avanço de seus conteúdos necessários.Melhor dizendo: educação pelos sentidos.Esta é a televisão que espero ver no futuro.De minha parte, ou sigo por este caminho, ou, sinceramente não faz sentido." / "Ao me aproximar da literatura, estou figindo de qualquer forma realista ou naturalista de encenação." / " A literatura nos ensina, pois consegue trabalhar nas entrelinhas.A vida não fica restrita a ação e reação, causa e efeito, moral da história,bem e mal." / "Estou em busca de uma dramaturgia que, por tudo e por todos,precisa se reoxigenar,encontrando asim novas formas de narrar e novos universos. Com o Quadrante passo por ficcionistas como Suassuna, Milton Hatoum, Sergio Faraco, Luiz Raffato, Ronaldo Correia de Brito e João Paulo Cuenca, entre outros.Postos lado a lado, esses textos revelam, a exemplo de um imenso caleidoscópio, um país rico de emoções, mas também de sentimentos contraditório".( texto extraído do site:http://quadrante.globo.com/Quadrante/0,,8624,00.html)
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Capitu,nova minissérie da Globo, é uma ameaça.
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Mas por ser uma adaptação, tem seus limites .Machado de Assis em linguagem contemporânea é um tanto curioso, não acha? Romance realista encenado de forma não realista é possível? Fica uma provocação: como adptar obras de outrora para o público contemporâneo? Qual é a fórmula: imitação e/ou inovação? o que é a estética televisa? são estéticas ou há uma única? Portanto, devemos assistir Capitu por curiosidade sim e podemos até adquirir alguma cultura, no sentido de apreendermos novas-velhas formas de contarmos uma estória ou no sentido de negá-las. Cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, lingüísticas e comportamentais de um povo ou civilização.Poderia arriscar que Cultura é sinônimo de diversidade.Por isso, tudo que o homem produz é cultural independente se é bom ou ruim, se tem qualidade ou não.
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Abraços fraternos.
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Geovane Barone.
Ator, Coordenador de Produção do CUCA-RJ e estudante de filosofia.
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Talvez fosse mesmo uma bosta, se fosse mais uma minisserizinha da Rede Globo com os mesmos truques novelísticos, com a mesma lingugem dramatúrgica de todo dia (apesar de eu ter gostado também de "Os Maias"). Isto não acontece em Capitu.Pelo contrário, há até abuso de linguagens: comedia dell' arte, cinema mudo,rock,elipses temporais,expressionismo.Quando se vê isto na tv? dizer que a mesma " Não serve para quem não leu Dom Casmurro e não acrescenta nada a quem leu." soa estranho para quem teve que extrair da microssérie a matéria-prima para sua crítica.Será que não serviu pra ti? será que, pelo menos, não acrescentou uma visão de como não fazer uma adaptação de Dom Casmurro? Digo: Capitu presta para criticarmos, para discutirmos dramaturgia e estética televisa, para compararmos com o modelo das novelas e séries globais, para discutirmos formas e métodos de atuação, para pensarmos formas de dialogar com os espectadores - quem não estranhou o cenário, o figurino, a interpretação dos atores, a falta de linearidade do roteiro? O que está em jogo não é o valor de bom e ruim, mas sim o valor,a questão da linguagem televisiva. Não podemos cair no simples criticismo.
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Realmente "Capitu" mostrou-se confusa no conteúdo.O roteiro deixa muitas lacunas. Risco que se corre ao fazer uma adaptação em poucos capítulos. Mas pelo menos fica claro quem é o Betinho, quem é a Capitu.Coisas básicas de um roteiro estão presentes: ambiente,tempo, personagens definidos, conflito de vontades. O problema é como ele é feito. Elogio a ótima atuação de Michel Melamed que chega a falar trechos literais do romance de Machado de Assis. Seu personagem, além de prender o espectador com a sua forma de contar simbólica(ex. quando pega o próprio coração batendo forte em sua mão),mostra envolvimento e conhecimento profundo do seu "Eu" mais jovem. A iluminação, os enquadramentos, o cenário mostram silenciosamente uma busca de novos sentidos, de novas formas de se vê. A forma revoluciona o conteúdo.
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A experimentação de linguagem do diretor Luiz Fernando Carvalho, condutor do projeto QUADRANTE, é muito válida, pois traz para a tv brasileira uma nova estética: não exclusivamente realista e extremamente teatral.Vou transcrever pra ti, o objetivo do projeto em algumas frases ditas pelo diretor: "Quadrante é um projeto que trago a mais de 20 anos comigo.Trata-se de uma tentativa de modelo de comunicação,mas também de educação, onde a ética e a estética andam juntas.Estou propondo através da transposição de textos literários, uma pequena reflexão sobre o nosso país." / "Continuo sonhando acordado, continuo acreditando que se faz necessário aos verdadeiros artistas e aos especialistas que trabalham no meio audiovisual pensarem em uma nova missão para ele. Essa nova missão, estaria no meu modo de sentir, diretamente ligada a educação.Todo o meu esforço será, sempre, em primeira instância, o de propor uma ética artística verdadeira para o meio." / " Prefiro continuar acreditando nesta espécie de contradição entre o eletrodoméstico e a cultura, o emissor e o avanço de seus conteúdos necessários.Melhor dizendo: educação pelos sentidos.Esta é a televisão que espero ver no futuro.De minha parte, ou sigo por este caminho, ou, sinceramente não faz sentido." / "Ao me aproximar da literatura, estou figindo de qualquer forma realista ou naturalista de encenação." / " A literatura nos ensina, pois consegue trabalhar nas entrelinhas.A vida não fica restrita a ação e reação, causa e efeito, moral da história,bem e mal." / "Estou em busca de uma dramaturgia que, por tudo e por todos,precisa se reoxigenar,encontrando asim novas formas de narrar e novos universos. Com o Quadrante passo por ficcionistas como Suassuna, Milton Hatoum, Sergio Faraco, Luiz Raffato, Ronaldo Correia de Brito e João Paulo Cuenca, entre outros.Postos lado a lado, esses textos revelam, a exemplo de um imenso caleidoscópio, um país rico de emoções, mas também de sentimentos contraditório".( texto extraído do site:http://quadrante.globo.com/Quadrante/0,,8624,00.html)
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Capitu,nova minissérie da Globo, é uma ameaça.
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Mas por ser uma adaptação, tem seus limites .Machado de Assis em linguagem contemporânea é um tanto curioso, não acha? Romance realista encenado de forma não realista é possível? Fica uma provocação: como adptar obras de outrora para o público contemporâneo? Qual é a fórmula: imitação e/ou inovação? o que é a estética televisa? são estéticas ou há uma única? Portanto, devemos assistir Capitu por curiosidade sim e podemos até adquirir alguma cultura, no sentido de apreendermos novas-velhas formas de contarmos uma estória ou no sentido de negá-las. Cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, lingüísticas e comportamentais de um povo ou civilização.Poderia arriscar que Cultura é sinônimo de diversidade.Por isso, tudo que o homem produz é cultural independente se é bom ou ruim, se tem qualidade ou não.
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Abraços fraternos.
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Geovane Barone.
Ator, Coordenador de Produção do CUCA-RJ e estudante de filosofia.
Um comentário:
Estava procurando algo no Google e eis que me deparo com esse texto. Alguém questionando um escrito de Juliana Cunha. Caralho! Meu caro Geovane , existe ainda neste planeta, um ser que ainda leva a sério a Senhorita Juliana Cunha? E, pior, perde seu tempo escrevendo uma resposta, que por sinal está boa - o seu texto, porque o dela nem me dei ao trabalho de ler. Mas... Responder a Juliana Cunha??? O que você não sabe é que o quê Cunha gosta é de... Polemizar, e só. Nada muito profundo. Não caio na vala comum de achar que toda a crítica tem de ser propositiva. Não. Mas Juliana Cunha é tão repetitiva e óbvia em suas supostas “polêmicas”, que se torna cansativa e previsível. É lógico que ela iria dizer que a minissérie foi ruim. Se não dissesse, não seria Juliana Cunha. No fundo ela sabe que foi muito boa. Arrisco até a dizer que ela gostou, sim. Porém, mais para além do gosto pela polêmica, o quê a incomoda, de fato, é algo bem feito ser direcionado ao populacho. Ela é do tipo que, por exemplo, gosta de uma banda até o limite em que pouquíssimas pessoas conheçam sua música. Saiu da obscuridade, entrou nas paradas... Hum...
E como dá sempre IBOPE falar mal das unanimidades, olha aí Julianinha achando terreno fértil para a sua:
a)Síndrome de Madonna*.
b)Seu elitismo.
c)Seu marketing pessoal.
Ora, mas ela não é, ou era, de esquerda e filiada ao PCdoB? Caros, e desde quando a esquerda não foi elitista. E o conceito de vanguarda, o que é então?
Voltando ao tema central (ela vai adorar o central), não vale a pena discutir com a supracitada senhorita. Vai chegar um momento que ela vai lançar argumentos apenas para ganhar o debate. Mesmo que ela mesma não concorde com o que disse. Meu caro Geovane, sinto mesmo é pelo tempo que você perdeu...
*Polêmica, polêmica, polêmica.... Bocejos...
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